5 de outubro de 2017

CATALUNHA: O REFERENDO ILEGAL, O ATAQUE AO PODER CENTRAL DE MADRID E À COROA E A AGENDA PRÓ-INDEPENDENTISTA DOS MEDIA


  

  Os graves acontecimentos ocorridos na Catalunha nos últimos dias, decorrentes da realização de um referendo ilegal sobre a independência daquela região autónoma de Espanha, ao total arrepio das disposições da Constituição espanhola de 1978 e do Estatut que rege a Catalunha, tiveram como primeiro resultado uma enorme exposição mediática.

  Com uma imprensa nem sempre isenta, as imagens e as notícias que nos têm chegado – em particular dos vários canais de televisão – dão a ideia, aos mais desatentos e ingénuos, de uma repressão inclemente do poder central de Madrid que, por um capricho arbitrário, não quer deixar a maioria do povo catalão expressar sua vontade independentista nos votos.
  
  Ora, nada mais distante da realidade dos factos.
  
  O sentimento nacionalista, uma deturpação do autêntico desejo de regionalismo, passou a ser manipulado por correntes ideológicas diversas. Puigdemont, de uma coligação de democratas-cristãos e liberais, a CIU, é hoje refém das alianças políticas com a esquerda radical que sustenta o separatismo.
  
  Entretanto, as mais recentes eleições na Catalunha demonstraram que o independentismo estava a cair na preferência dos eleitores. Qualquer consulta popular autêntica demonstraria que mesmo entre os catalães o apoio à independência não era maioritário. Assim, o interesse de Puigdemont e de todos os que o apoiam no seu governo seria embrenhar-se pelo caminho da ilegalidade e do caos.   Afrontando abertamente a Constituição espanhola e aprovando, ilegalmente, no Parlamento catalão, leis de ruptura com o Estado espanhol e com a Coroa, o executivo de Puigdemont encaminhou a situação para o confronto.

  O objectivo primordial era o de confrontos e as imagens do uso da força por unidades de segurança do Estado, como a Guarda Civil. Estas imagens passeariam pelo mundo como agressões incompreensíveis e anti-democráticas. Além disso, possibilitaria a realização de um referendo que escapou a todos os mecanismos de vigilância legal e cujo resultado seria facilmente fabricado como arma propagandística.
  
  Como referia Rui Ramos no dia 29 de Setembro no seu artigo Venezuelização da Catalunha publicado no jornal on-line Observador: “A crise catalã começou com as habilidades à António Costa de políticos falhados. Foi assim que a extrema-esquerda se tornou no árbitro da política catalã, e o separatismo a agenda do governo local.
  
  Para começar, não há um problema entre a Catalunha e a Espanha. Há um problema de políticos falhados que, em risco de perder o seu poder na Catalunha, onde não têm a maioria, recorrem ao mais velho de todos os truques: uma guerra de independência contra o governo de Madrid. (...)
O problema da Catalunha não é diplomático. É político: este independentismo oportunista de políticos fracassados está a corroer o Estado de direito, a substituir o debate pela intimidação, o compromisso pelo ódio, os procedimentos regulares pelo golpismo, o voto pela rua, a lei pelo arbítrio.”

  Ora, nessa matéria, a esquerda radical – de simpatias chavistas – é mestra; agitação, ilegalidade, assalto às instituições, tudo em nome de um “aprofundamento da democracia”. E, misteriosamente, o governo de Mariano Rajoy permitiu que a situação chegasse a seu extremo, sem ter tomado as medidas legais e constitucionais que inabilitariam os sediciosos da Catalunha.

   Anteontem a ponderada mas firme intervenção do Rei Felipe VI denunciou o comportamento de determinadas autoridades da Catalunha que descumpriram a Constituição e o seu Estatuto de autonomia de uma maneira reiterada, consciente e deliberada. “Com as suas decisões – afirmou o Monarca – vulneraram de maneira sistemática as normas aprovadas legal e legitimamente, demonstrando deslealdade inadmissível aos poderes do Estados”.
Acusou ainda essas autoridades de terem debilitado a harmonia e convivência da própria sociedade catalã, chegando desgraçadamente a dividi-la. “Hoje a sociedade catalã está fracturada e enfrentada”, acrescentou.
  
  Estendendo a mão aos catalães, o Rei soube exercer o factor de unidade que cabe à Coroa, impedindo as investidas das correntes minoritárias a quem só interessa o caos para “pescar em águas turvas”.

  Também por cá as geringonças reféns da esquerda radical de diversos matizes podem dar-nos surpresas.

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